11/07/07

Fugir

Fugir daqui foi sempre um bom plano, ir para outro lado qualquer onde o céu é mais azul e as àrvores mais verdes. Sempre tive a sensação que pertencia a um sítio diferente, com um lago melodioso a refrescar um dia completamente limpo, um cheiro a natureza sem mamíferos e um vento reconfortante a inundar-me o corpo com um toque carinhoso.

Esta imagem animada vem repetidamente ter comigo. Existe uma segurança perfeita que vem da convicção absoluta que pertenço ali, naquele momento e até quando eu quiser. Não vai anoitecer tão depressa mas, quando começar a ficar escuro, irei para uma pequena cabana de madeira com enormes janelas que me deixem ver a infinidade de estrelas que esperaram por mim todo o dia. A cama será um pedaço macio de algodão que irá abraçar-me e proteger-me sem me tocar. O silêncio não será pesado e vou finalmente poder adormecer em paz, porque sei que não terei mais pesadelos.

Nunca duvidei de que um dia teria de tomar a tal decisão: ir embora hoje mesmo, ou viver aqui, morrendo. Sou um estrangeiro neste sítio, sempre o fui - emigrei há muito tempo, mesmo antes de ter nascido. Não sei quem são as pessoas que estão à minha volta e já estou cansado de tentar entender tudo aquilo que não me querem dizer.

Dezembro 2004 ©